sexta-feira, 27 de agosto de 2010
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Techo retirado do livro: A garota das laranjas.
Jostein Gaarder
Já contei que toco piano. Não sou um superpianista, mas o primeiro movimento da Sonata ao luar, de Beethoven, eu consigo executar sem errar uma nota. Quando estou sozinho, tocando o primeiro movimento da Sonata ao luar, às vezes me dá a sensação de estar na Lua com um piano de cauda, enquanto a Lua, o piano e eu descrevemos a órbita da Terra. Imagino que os acordes que toco podem ser ouvidos em todo o sistema solar, e, se não chegam até Plutão, certamente se ouvem em Saturno.
Ultimamente, comecei a praticar o segundo movimento (o allegretto). Não é muito fácil, mas eu o acho lindo quando a minha professora de piano toca para mim. Sempre imagino um monte de bonequinhas mecânicas saltitando para cima e para baixo na escada de um shopping!
O terceiro movimento da Sonata ao luar eu não quero ver nem pintado, não só porque é difícil mas também porque acho um horror ser obrigado a escutá-lo. O primeiro movimento (adagio sostenuto) é bonito e talvez um pouco lúgubre, mas o terceiro (presto agitato) é simplesmente ameaçador. Se eu estivesse numa espaçonave e, ao descer num planeta, desse com um pobre extraterrestre martelando ao piano o terceiro movimento da Sonata ao luar, daria o fora no mesmo instante. Em compensação, se o encontrasse executando o primeiro movimento, é bem possível que ficasse uns dias por lá, pelo menos me atreveria a falar com ele e ame informar exatamente sobre a situação do planeta musical no qual aterrissei.
Uma vez eu disse à minha professora de piano que Beethoven tinha em si o céu e o inferno ao mesmo tempo. Ela arregalou os olhos. Disse que eu havia compreendido! E me contou uma coisa interessante, Não foi Beethoven quem deu a essa música o título Sonata ao luar. Ele a chamava de Sonata em dó sustenido maior, opus 27, nº. 2, com o apelido Sonata quasi una fantasia. Minha professora de piano acha essa peça dramática demais para se chamar Sonata ao luar. Diz que o compositor húngaro Eram Liszt descrevia o segundo movimento como "uma flor entre dois abismos". Eu diria que é um divertido teatro de fantoches entre duas tragédias.
Me identifico muito com essa sonata de Beethoven e indico a todos que não a conhece.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Quanto mais sinto o tempo passar, menos tenho pressa pelo futuro.
O engraçado é que viver não é uma opção, assim como morrer não é uma opção, tão manca é nossa liberdade que nos é reservado uma cota específica de tempo de vida, desse tempo se subtrairmos de nossa existência a permanência na primeira infância e a velhice não nos sobra quase nada, isso me lembra Mario Quintana, enquanto remo em direção a vida me apegando a beleza dual do mundo, sou do contra.
Poeminha do contra
Mario Quintana
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
E então? Já não importa mais.