sábado, 8 de maio de 2010

Pedras

Ando por essa paisagem sem admira-lá, apesar das cores que me rodeiam, a dor que sinto faz com que toda a minha apreciação se esgote, na face que anteriormente se estampava um sorriso, uma carranca se contorce de dor, moldando minha boca em gestos involuntários, aqui gritar não é permitido. Sigo minha caminhada caindo por vezes, fato que faz meus joelhos sangrarem, levanto e prossigo caminhando sobre as pontudas pedras, sentido-as atravessarem a carne dos meus pés, sinto vontade de me curvar, de desistir, mas não há essa alternativa, parar significa sangrar ainda mais, a própria gravidade, meu próprio corpo luta contra mim, ao olhar ao redor vejo rostos já irreconhecíveis que se arrastam ao meu lado, alguns tentando evitar a dor, outros expondo claramente seu sofrimento, há ainda os que gritam e são imediatamente apontados e excluídos, dentre os grupos há uma maioria que ultrapassou os limites da dor e prazer fazendo de ambas uma coisa só, esses já se encontram sem sensibilidade e caminham seguindo passos sem sentido.

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